sexta-feira, 29 de abril de 2011

A todas as Mães

   Mãe...
Mãe — que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido...

Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem — dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava.

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu podesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!

Antero de Quental, in "Sonetos"

Nota: Imagem in https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgubthgUcu8NKrltgt5jsfrMBgNx5Fqbty6Bnhw4zIWppZ7Srir8N7jknxJANgMZxU9zWLbgeuoieSn8TJPjFUtXZtDwx4rTscD5NxU9ivgtFfrGe2AWRfX5tmpaIWceVf7msV9BgKyT8EY/s400/mae.jpg

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